segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Igreja Adventista e a Teoria da Conspiração (Milton L. Torres, PhD)





De acordo com sua página na internet (http://www.ministerio4anjos.com.br), o Ministério 4Anjos é uma entidade sem fins lucrativos, para, “assim como os quatro anjos do livro do apocalipse, proclamar as três mensagens angélicas” relatadas em Ap 14, fazendo objeções principalmente à organização formal das igrejas porque, segundo eles, “normas e manuais eclesiásticos” os impedem de adorar a Deus segundo os ditames de sua consciência. Essa organização tem feito circular um panfleto, sem título, identificado apenas como “Convite especial: verdades bíblicas para o terceiro milênio”, entre os adventistas do sétimo dia.
O panfleto traz pelo menos três acusações sérias contra a administração/liderança da igreja adventista: em primeiro lugar, que a organização adventista publicou recentemente, nos Estados Unidos, um livro a favor da guarda do domingo e contra a guarda do sábado; em segundo lugar, que o fato de as igrejas adventistas abrirem aos domingos para a realização de cultos faz parte de uma conspiração levada adiante pela liderança adventista para trazer o ecumenismo para o seio da igreja; e, finalmente, que a liderança adventista tem retido luz dos membros da igreja ao não publicar alguns artigos de Ellen White e os livros dos pioneiros Waggoner e Jones. De modo geral, essa teoria da conspiração apenas apresenta ecos aos argumentos publicados por Russell R. Standish, em suas obras The greatest of all the prophets (“A maior de todos os profetas”, título elogioso em referência a Ellen White) eHalf a century of apostasy: the new theology’s grim harvest (“Meio século de apostasia: a colheita sinistra da nova teologia”), publicadas pela editora Hartland.
Toeria da Conspiração 1: um livro adventista para defender o domingo
Ao receber o panfleto do Ministério 4Anjos, minha primeira atitude foi adquirir o livro. Trata-se da obra Confessions of a nomad (“Confissões de um nômade”), do casal William L. Self e Carolyn Shealy Self. Porém, em momento algum, o panfleto menciona o nome dos autores da obra. Há uma figura da capa do livro, mas a qualidade da impressão não é suficientemente boa para que se possam ler as informações contidas nela. De fato, os autores do panfleto dão a impressão de que foi a Associação Ministerial da IASD que escreveu o livro. Há abaixo da figura uma frase em inglês: “by the Ministerial Association of the CG of SDA!” (“pela Associação Ministerial da AG da IASD”). A legenda em inglês me faz supor que os autores do panfleto nunca tenham tido, de fato, acesso ao livro, mas basearam suas considerações em outro panfleto, provavelmente escrito em inglês, ou na internet.
Quando recebi o livro pelo correio, percebi que não era a mesma edição citada no panfleto, mas a edição originalmente publicada, em 1983, por uma editora não adventista, a Peachtree Publishers, em uma publicação da Convenção Batista. Depois de comparar a própria obra com as citações no panfleto, verifiquei que, apesar da edição e paginação discordantes, eu tinha, de fato, adquirido a mesma obra descrita pelo Ministério 4Anjos. Os autores são, respectivamente, ex-vice-presidente da Convenção Batista do Sul e ex-membro da Comissão Diretiva do Seminário Batista, em São Francisco, nos Estados Unidos. O casal é, além disso, autor de um conhecido livro de aconselhamento matrimonial: A survival kit for marriage (“Um kit de sobrevivência para o casamento”). Depois de duas visitas à região do Monte Sinai, os autores se dizem impressionados pela paisagem do lugar e pela reflexão que empreenderam sobre a vida de Moisés. Este é, com efeito, o nômade apresentado nesse livro devocional. O livro traz um estudo, sob forma de reflexões, da vida de Moisés durante o êxodo. Por isso, em dois momentos aborda a questão do dia de guarda: no episódio do maná e na entrega dos dez mandamentos.
O panfleto do Ministério 4Anjos apresenta apenas citações extraídas das reflexões sobre os dez mandamentos e parece ignorar o que os autores falam a respeito do episódio da queda do maná. Além disso, embora o panfleto apresente apenas excertos, passa a impressão de que está fornecendo o texto integral. No entanto, o pior defeito da argumentação é que o tradutor dos fragmentos citados, embora gramaticalmente correto, parece não saber trafegar, de forma precisa, no campo semântico do assunto. Os autores do livro são, obviamente, guardadores do domingo. Apesar disso, quando eles empregam a palavra Sabbath, eles não estão se referindo ao “sábado”. Talvez, por essa razão, o panfleto não faça referência às passagens que lidam com a recolha do maná, pois nessas passagens fica clara a neutralidade do termo Sabbath. A palavra Sabbath no livro significa simplesmente “dia de guarda”. O casal Self não está desqualificando a guarda do sétimo dia da semana. Ele está contrastando a guarda do dia de repouso pelos judeus e a guarda do dia de repouso pelos cristãos. Por isso, é possível, para eles, contar a seguinte experiência em relação ao episódio do maná (p. 63):
Durante a corrida do ouro, duas caravanas de carroças partiram para o oeste. Seu destino eram as minas de ouro da Califórnia. A primeira caravana decidiu avançar rapidamente e chegar lá primeiro. A segunda caravana decidiu tirar um dia da semana para descansarem e aliviarem os cavalos, e para irem à igreja a fim de louvar a Deus. Bem, a primeira caravana se esforçou pela dianteira e chegou ao Mississippi antes da outra caravana. Ficaram animados. Começaram a ir mais depressa. Depois de algumas semanas nesse ritmo, porém, as pessoas começaram a discutir entre si. Então, as carroças começaram a quebrar, e os cavalos tiveram problemas. Todas as coisas e todas as pessoas ficaram quebradas. Não é preciso dizer que a segunda caravana chegou às minas de ouro antes da primeira. A caravana que tirou o sábado (Sabbath) para adorar e descansar suportou muito mais os rigores daquela jornada difícil. Eram pessoas que tinham o culto a Deus na alma. E você? Você já se permitiu ter os gozos de um sábado? Você já desfrutou da experiência revitalizadora do culto?
Como se percebe, os autores do livro usam a palavra sábado (Sabbath) em um sentido positivo e não negativo. Quando o casal Self faz a comparação entre o sábado e o domingo (citada pelo panfleto), ele está, de fato, comparando como os judeus guardavam o sábado e como os cristãos o fazem, sem necessariamente se referir a que dia devemos guardar. Apesar disso, embora a obra não seja tão ofensiva para uma pessoa que fale inglês e entenda que a palavra Sabbath não se refere, em inglês, apenas ao sétimo dia da semana, ela foi suficientemente problemática para ter merecido diversas reclamações na internet. Ao dizer Happy Sabbath (“Feliz dia de repouso”), um batista se refere ao domingo e um adventista ao sábado. Infelizmente, na língua inglesa, a palavra Sabbathadquiriu, ao longo dos anos, o sentido também de dia de descanso. Por isso, em inglês, o nome dos adventistas se tornou “adventistas do sétimo dia” e não “adventistas do sábado (Sabbath)”, que teria gerado verdadeira confusão. Eu sei que isso pode ser uma surpresa para aqueles que não falam inglês, mas a palavra Sabbath significa, naquela língua, tanto sábado quanto domingo. Por essa razão, quando damos estudos bíblicos aos americanos, a primeira coisa que precisamos fazer é lhes provar que o Sabbath é o sétimo dia e não o primeiro dia da semana.
Por isso, posso dizer, sem hesitação, que, longe de pretender defender o domingo como dia de guarda, a venda do livro me parece pretender conclamar os adventistas à guarda mais conscienciosa do verdadeiro Sabbath, o sétimo dia. Além disso, devemos compreender que a sociedade americana é muito mais aberta do que a brasileira às diferenças de opinião. Os adventistas daquele país têm, em sua maioria, a maturidade necessária para ler um livro que enfatiza a necessidade da escrupulosa observância do dia de repouso e se beneficiar dele, ainda que tenha sido escrito por aqueles que guardam o domingo.
Por outro lado, é fato que o livro provocou certo mal-estar mesmo entre os adventistas dos Estados Unidos: por que publicar um livro batista sobre uma viagem ao Sinai se dois adventistas bastante conhecidos (William A. Fagel, do “Fé para Hoje”, e Leona Running, professora emérita de grego da Universidade Andrews) escreveram livros sobre o mesmo assunto? Falando a respeito do livro do casal Self, o Pr. James Cress, secretário da Associação Ministerial da Associação Geral, se pronunciou que a publicação do livro havia sido encomendada pelos próprios autores que haviam feito um contrato com a Pacific Press para publicar cinco de suas obras: Confissões de um nômadeSurvival kit for the stranded (“Kit de sobrevivência para os desviados”), Learning to pray (“Aprendendo a orar”), Before I thee wed(“Antes de me casar com você”) e Kit de sobrevivência para o casamento. Aparentemente, certa amizade havia se desenvolvido entre a editora e os autores porque, em primeiro lugar, em sua obra Kit de sobrevivência para o casamento, o casal Self inclui material semelhante àquele apresentado por Ellen White na Ciência do bom viver e, em segundo lugar, porque o casal já apresentou diversas palestras para os ministros adventistas dos Estados Unidos. O Pr. Cress também informa que a contracapa do livro identifica os autores como sendo batistas, o que deveria bastar para que as pessoas lessem o livro com reservas.
Apesar dessas considerações, no dia 18 de setembro de 2000, a Associação Ministerial decidiu remover os livros das prateleiras do SELS e ofereceu reembolsar a todos que quisessem devolver o livro. A consternação de alguns adventistas não diminuiu mesmo diante desse fato, pois eles esperavam uma desculpa formal da organização. Beneficiando-se dessa situação, os proponentes da teoria da conspiração reivindicaram o acontecimento como uma prova de sua suposição de que existe atualmente uma conspiração da liderança adventista para a adoção do ecumenismo. Em defesa da Associação Ministerial, pode-se dizer que as demandas do trabalho pastoral e administrativo às vezes nos impedem de dar a devida atenção mesmo àqueles assuntos que a merecem. A Associação Ministerial deveria ter previsto, primeiramente, as reações à publicação do livro; em segundo lugar, no contrato deveria rezar uma cláusula que artigos ofensivos à fé adventista fossem extirpados do livro; e, finalmente, os livros deveriam ter sido recolhidos ao primeiro sinal de problema e não quando a situação já havia quase saído de controle. Ainda assim, atestamos categoricamente que não há qualquer intenção da igreja ou de sua administração em sacrificar os princípios da Palavra de Deus com vistas à convivência mais tranquila com membros e pastores de outra denominação, muito menos em prol do ecumenismo.
Teoria da Conspiração 2: cultos evangelísticos no domingo
                O culto evangelístico aos domingos não constitui prática radical. Sua realização tem raízes em sólida teologia. Jesus e os discípulos não limitaram seu ministério ao sábado ou ao templo (At 2:46; 5:42; 20:7). Algumas das principais oportunidades que Jesus teve para o ministério ocorreram em momentos comuns do dia-a-dia e em lugares onde Ele tinha acesso às pessoas. Por outro lado, adorar no domingo ou em qualquer outro dia da semana não torna qualquer um desses dias o dia de guarda dos cristãos, claramente identificado nas Escrituras como sendo o dia de sábado (Êx 20:8-11).
                Hoje em dia, as reuniões evangelísticas aos domingos não são uma prática comum nos Estados Unidos, embora haja alguns casos na Califórnia e Nevada. Diante do declínio no número de batismos, algumas igrejas norte-americanas (como, por exemplo, em Riverside e Las Vegas) sentiram, a partir da década de 80, o ímpeto de seguir o exemplo das igrejas da América Latina e de outras partes do mundo na realização de cultos evangelísticos aos domingos. As reuniões com propósitos evangelísticos aos domingos, nos países latino-americanos, constituem uma prática consagrada pela história da Igreja nesses países. No entanto, tem havido, nos Estados Unidos, alguma rejeição dos membros americanos à possibilidade de culto aos domingos. Isso tem contribuído para que mais uma suposta “prova” seja acrescentada às obras daqueles que acreditam na teoria da conspiração.
                Ellen White dá apoio incondicional aos cultos aos domingos. Ela escreve, no livro Testimonies (v. 9, p. 233), a seguinte declaração (repetida no livro Serviço cristão, p. 164):
O domingo pode ser usado para o desempenho de várias linhas de trabalho que muito realizarão pelo Senhor. Nesse dia, podem-se realizar reuniões ao ar livre ou em cabanas. A obra de visitação de casa em casa também pode ser realizada. Aqueles que escrevem podem dedicar esse dia a escreverem seus artigos. Quando for possível, que cultos religiosos sejam realizados aos domingos. Façam essas reuniões intensamente interessantes. Cantem hinos de reavivamento genuíno e falem com poder e certeza do amor do Salvador. Falem do assunto da temperança e da verdadeira experiência religiosa.
Aqueles que se escandalizam com os esforços empreendidos por nossos obreiros em conviver, de forma harmoniosa, com membros de outras denominações, fariam bem em estudar a história dos nossos pioneiros. Certa ocasião, Ellen White narrou que eles alugaram uma de nossas igrejas para os membros de uma igreja presbiteriana realizarem seus cultos aos domingos pois seu templo havia sido destruído por um acidente. Segundo Ellen White, isso causou enorme inconveniente aos nossos irmãos, mas eles se sentiram confortados pela gratidão que receberam dos presbiterianos (Selected messages, v. 3, p. 322). Se a mera realização de cultos aos domingos fosse uma prática pecaminosa, Ellen White jamais teria concordado em ceder nosso templo para sua realização.
De fato, os cultos evangelísticos aos domingos fazem parte da herança adventista. Quando Ellen White visitou a Escandinávia, ela especialmente elogiou os esforços dos irmãos daquela região em alugar auditórios, mesmo diante de alto custo, para a realização dos cultos de domingo (Historical sketches of the foreign missions of the Seventh-day Adventists, p. 183). Na Suíça, Ellen White participou dos cultos evangelísticos que eram comumente realizados aos domingos pelos primeiros adventistas que se converteram naquele país (Review & Herald, 20-07-1886). Ela não demonstrou nenhuma insatisfação com essa prática. Ellen White teve, inclusive, a oportunidade de pregar em uma reunião evangelística realizada em Roma, a poucos quilômetros do Vaticano, a sede da Igreja Católica (Review & Herald, 03-09-1889). Além disso, quando Ellen White viajou para a Austrália, como não havia cultos aos sábados no navio, ela não se sentiu constrangida em se unir aos pastores metodistas que viajavam no mesmo navio e participar dos cultos que eram ali oferecidos aos domingos (Review & Herald, 09-02-1892). Conforme nos informa Arthur L. White (Ellen G. White: the Australian years, v. 4, p. 106), na Austrália, diante do fato de que os irmãos não haviam conseguido um lugar apropriado para o culto evangelístico de domingo, Ellen White sugeriu que este fosse realizado a céu aberto. Ellen White também pregava nos cultos realizados aos domingos mesmo na América do Norte. Um exemplo disso aconteceu quando ela foi convidada a pregar em Melrose e Buffalo (Review & Herald, 16-12-1909).
O panfleto do Ministério 4Anjos desdenha da razão apresentada pelos adventistas de que os cultos aos domingos deveriam ser realizados para benefício daqueles que ainda não pertencem a nossa igreja. No entanto, foi a própria Ellen White quem deu essa explicação àqueles que, em sua época, objetavam a que os adventistas realizassem cultos aos domingos. Segundo ela, “nós deveríamos ter lugares de reunião para que, aos domingos, aqueles que se sentem inclinados a ouvir a verdade, possam vir a nossos cultos” (Manuscript releases, v. 20, p. 165). Como se percebe, a realização de cultos evangelísticos aos domingos sempre foi uma prática dos adventistas do sétimo dia. Deixar de realizá-los seria um sinal de apostasia.
Teoria da Conspiração 3: a retenção de luz
A terceira acusação que o panfleto do Ministério 4Anjos faz à organização adventista é de que esta tenha deliberadamente retido luz de seus membros ao não publicar, em português, todas as obras de Ellen White e as importantes obras de Waggoner e Jones. Aqueles que publicam um panfleto de onze páginas talvez ignorem quão dispendioso é o processo de tradução e publicação de obras estrangeiras.
A Casa Publicadora Adventista (CPB), editora oficial da IASD, tem dado importantíssima contribuição para a igreja ao gradativamente traduzir e publicar as obras de Ellen White. Ao longo dos anos, várias dessas obras têm sido disponibilizadas ao público adventista e aos amigos da igreja: Ainda existe esperança, Atos dos apóstolos  (1957), Abatalha final (1989), Beneficência social (1964), Caminho a Cristo (Vereda de Cristo, Vida abundante ou Paz na tempestade)A ciência do bom viver (1947), O colportor evangelista (1953), Como conviver com os outros, Como lidar com as emoções, Como surgiu o pecadoConselhos a professores, pais e estudantes (1947), Conselhos aos idosos (2003), Conselhos sobre a Escola Sabatina (1940), Conselhos sobre educação (1976), Conselhos sobre mordomia,  Conselhos sobre o regime alimentarConselhos sobre saúde (1971), Cristo em Seu santuário (1969), Cristo triunfante (meditações matinais de 2002), Desejado de todas as nações (1943), Educação  (1937), Este dia com Deus (meditações matinais de 1980), Evangelismo (1959), Eventos finais(1993), Exaltai-O (meditações matinais de 1992), Fé e obrasA fé pela qual eu vivo (meditações matinais de 1959), Filhos e filhas de Deus (meditações matinais de 1956), Foi por vocêFundamentos da educação cristã (1976), O grande conflito(1923), História da redenção, A igreja remanescente (1974), Jesus, meu modelo (meditações matinais de 2009), Jóias do pensamentoO lar adventistaO lar sem sombras, Liderança cristã (1988), Nos lugares Celestiais (meditações matinais de 1968), O maior discurso de Cristo (1953), Maranata: o Senhor vem! (meditações matinais de 1977), A maravilhosa graça de Deus (meditações matinais de 1974), Medicina e salvação (1973), O melhor da vida (versão simplificada de A ciência do bom viver), Mensagens aos JovensMensagens Escolhidas (1966-1987), Mente, caráter e personalidade (1989), Minha consagração hoje (meditações matinais de 1953), Música: sua influência na vida do cristão, Nossa alta vocação(meditações matinais de 1962), No deserto da tentaçãoO obra daquele outro anjo (1974), Obreiros evangélicosOlhando para o alto (meditações matinais de 1983), Orientação da criança, Parábolas de Jesus (1954), Para conhecê-Lo (meditações matinais de 1965), Patriarcas e profetas (1929), A paixão de CristoPrimeiros escritos (1967), Profetas e reis (1961), E recebereis poder (meditações matinais de 1999), Refletindo a Cristo (meditações matinais de 1986), Santificação, Ser mãe, o que é?Serviço cristãoSó para jovensTemperança (1969), Testemunhos para a Igreja (1954-2004), Testemunhos para ministros e obreiros evangélicosTestemunhos seletosTestemunhos sobre conduta sexual, adultério e divórcio (2002), A verdade sobre os anjos (1998), Vida e ensinos (1934), Vida no campoVidas que falam (meditações matinais de 1971), Visões do céu. Esta longa lista é um testemunho eloquente de que a CPB tem se esforçado para disponibilizar os escritos de Ellen White a todos aqueles que por eles se interessem. Além disso, há um site, na internet, que dá acesso a praticamente todos os escritos originais de Ellen White, em inglês: http://www.egwtext.whiteestate.org/.
Quanto aos escritos de E. J. Waggoner e A. T. Jones, não resta dúvida de que se trata de obras produzidas por dois importantes pioneiros da IASD. Ambos foram, durante algum tempo, os editores dos periódicos adventistas Signs of the Times (Waggoner e Jones), Review & Herald (Jones) e American Sentinel (Jones), havendo preparado vários de seus artigos. Em 1888, Waggoner e Jones apresentaram uma memorável série de sermões sobre justificação pela fé na assembléia da Associação Geral, em Mineápolis. As obras de Waggoner incluem The glad tidings (“As boas novas”, 1900), The everlasting covenant (“O concerto eterno”, 1896), The gospel in creation (“O evangelho na criação”, 1895), The gospel in Galatians  (“O evangelho em gálatas”, 1887), Sermons on Romans (“Sermões sobre romanos”, 1891), Christ and His righteousness (“Cristo e Sua justiça”, 1889) e Prophetic lights (“Luzes proféticas”). Essas obras foram publicadas pelas editoras da IASD em inglês e algumas delas se encontram disponíveis na internet.
É estranho que o Ministério 4Anjos acuse a igreja de ocultar essas publicações do grande público, mas deixe de se referir a inúmeras outras obras publicadas pelos demais pioneiros da denominação e que tampouco foram traduzidas para a língua portuguesa. John N. Andrews, um dos mais destacados pregadores dos primórdios da IASD nos legou obras como Three messages of Revelation 14 (“Três mensagens de Apocalipse 14”, 1877), The sanctuary and twenty-three hundred days (“O santuário e os 2300 dias”, 1872), Sermon on the two covenants (“Sermão sobre os dois concertos”, 1875), The complete testimony of the fathers of the first three centuries concerning the Sabbath and first day (“O testemunho completo dos pais dos primeiros três séculos concernente ao sábado e ao primeiro dia”, 1873), The Sunday seventh-day theory: an examination of the teachings of Mede, Jennings, Akers, and Fuller (“A teoria de que o domingo é o sétimo dia: um exame dos ensinos de Mede, Jennings, Akers e Fuller”, 1884), The judgment, its events and their order (“Os juízos, seus eventos e sua ordem”, 1890) e The Sabbath and the law (1890?). Essas obras de John N. Andrews colocam-se como intimamente ligadas à história da IASD e às suas mais fundamentais doutrinas. Elas não ocupam, de modo algum, um lugar secundário em relação aos escritos de Waggoner e Jones. O mesmo pode ser dito com respeito aos livros de Joseph Bates: The opening heavens (“Os céus se abrindo”, 1846), The seventh-day Sabbath (“O sábado do sétimo dia”, 1846), A word to the little flock (“Uma palavra ao pequeno rebanho”, escrita em conjunto com Tiago e Ellen White, em 1847), A vindication of the seventh-day Sabbath and the commandments of God (“Uma vindicação do sábado do sétimo dia e dos mandamentos de Deus”, 1848), A seal of the living God (“O selo do Deus vivo”, 1849) eAn explanation of the typical and anti-typical sanctuary (“Uma explicação do santuário típico e antitípico”, 1850). No entanto, a maioria desses livros ainda não se encontra traduzida para a língua portuguesa. O fato é que os pioneiros adventistas eram homens inteligentes e capazes que nos legaram uma ampla obra de suporte às crenças adventistas. Como traduzir e publicar tantas obras com os poucos recursos de que ainda dispomos? Devemos louvar a intenção do Ministério 4Anjos de ajudar com a tradução de pequenos trechos de Waggoner e Jones. Por outro lado, não podemos aceitar a crítica de que a IASD tenha propositalmente se eximido de publicar essas obras. Além disso, traduzir as obras de dois pioneiros que tinham posições antitrinitarianas (também defendidas pelo Ministério 4Anjos) e negligenciar as obras de inúmeros outros que não as tinham é que parece ser uma conspiração.
Conclusão
Um exame cuidadoso das três graves acusações feitas pelo Ministério 4Anjos à administração/liderança da igreja adventista (de que esta publicou um livro a favor da guarda do domingo, de que cultos evangelísticos aos domingos fazem parte de uma conspiração para trazer o ecumenismo para o seio da igreja e de que a liderança adventista tem retido luz dos membros da igreja) mostra que essas acusações não se comprovam. Elas assumem um caráter de zelo excessivo semelhante àquele praticado pelos fariseus, que se preocupavam mais com a letra da lei do que com o Espírito que o evangelho requer.
O Ministério 4Anjos vê limitações nos esforços empreendidos pela igreja adventista para cumprir sua comissão evangélica. De sua parte, a igreja reconhece a impossibilidade de que exerçamos um ministério perfeito senão simplesmente pelo fato de que existimos em um mundo ainda marcado pelas incapacitantes deficiências que o reino do pecado produziu. Por outro lado, a igreja adventista declara sua boa-fé no tratamento das importantes questões pertinentes ao bem-estar e à segurança espiritual de seus membros. Além disso, temos ciência de que seremos julgados por Aquele cuja percepção é mais penetrante do que o restrito olhar de seres humanos falhos e defeituosos. Confiados na misericórdia de Deus, convidamos os que agora se felicitam por encontrar dificuldades no caminho trilhado pela igreja adventista a que, em vez disso, venham nos ajudar, com diligência e dependência recíproca, a preparar as veredas para o retorno de nosso Senhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário