segunda-feira, 23 de maio de 2011

Uma Estratégia do Inferno (Ângelo Márcio)


Texto em Discussão
Mateus 12:43-45
“Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso. Como não o encontra, diz: ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Chegando, encontra a casa desocupada, varrida e em ordem. Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, entrando, passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim acontecerá a esta geração perversa”.

Prefácio
  O presente trabalho tem como objetivo levar o leitor a entender o que de fato estava por trás das palavras de Cristo na repreensão que faz aos mestres da lei no contexto judaico de sua época. Este texto se encontra no evangelho de São Mateus 12:43-45. Consideramos o conteúdo daquelas palavras como algo de grande importância, mais pouco compreendido em meios de irmãos evangélicos leigos e não difícil de encontrar, até em estudantes do assunto.
  Para tanto, será feito uma analise detalhada da intenção de Jesus naquele sermão e a utilidade de tão ilustração/parábola para aquele meio teológico - pratico. Ao analisar as estratégias tomadas pelas hostes satânicas compreenderemos a verdadeira importância para o alerta de Cristo.
  Também colocaremos as palavras em praticas e abordaremos o valor do conteúdo bíblico para o mundo hoje. Será feita uma breve analise da necessidade de constantemente buscarmos a Fonte da Vida Eterna, que é Cristo.
  Objetiva-se com este trabalho escrito contribuir para melhor compreensão e motivação na vida cristã de membros leigos, estudantes e pastores a fim de que abarquem o conhecimento necessário a cerca do alerta e convite divinal.

Introdução
  Após uma demonstração escatológica do que deveria acontecer ao Filho do Homem, por causa de um pedido inusitado da parte dos mestres da lei, Jesus começa explicar o que aconteceu no passado com a nação de Israel e o que novamente são tentados a fazer, que é, retornar para a falsa adoração, para a falsa santificação, um tipo de manifestação maldita. Dessa forma o Mestre tenta mostra que o que eles pretendem fazer é motivado pelo próprio Satanás e este fica contente quando os planos de Deus são ignorados.
  O homem que outrora fora liberto das garras do mal, é preenchido por “nada” e como resultado o inferno volta para a vida daquele homem e manifesta o seu poder de forma ainda mais maléfica e poderosa.
  As palavras de Jesus chamam muita atenção do auditório naquele dia, pois ela não tem apenas o objetivo de entretenimento, mais é um alerta direto para que ao aceitar a vontade de Deus em suas vidas, seja uma entrega completa e permanente. É aceitar a vontade de Deus para todos os dias e a cada dia.
  Embora este trabalho tenha caráter acadêmico, iremos tratar de assuntos relacionados à mensagem de Cristo, o Seu alerta para o povo e a sua importância para os cristãos e não cristãos do século XI.
  Este trabalho é divido em três partes. A primeira irá tratar o assunto das formas estratégicas que Satanás adota para assaltar as suas vitimas e qual é o seu alvo para êxito do seu plano.
  Na segunda parte nos demoraremos no motivo pelo qual Jesus pronúncia aquelas palavras e qual eram os seus objetivos, aonde ele, de fato, queria chegar. Porque foi que Cristo usa de vocábulos aparentemente duros com os mestres e o povo em modo geral.

Primeira Parte: A Ação dos Espíritos Demoníacos
   Quando me deparo com este texto perdido entre tantos outros, me pergunto qual o seu objetivo primário? Qual a intenção de Cristo em noticiá-lo nesta sentença? Qual eram os seus alvos e quais resultados são esperados? Todas estas perguntas com certeza também perturbam as mentes de leitores leigos em seu contexto de busca e resposta das verdades divinas apresentadas na Palavra de Deus.
  Este conteúdo apresentado por Jesus é tão importante atualmente como foi na época em que ele foi pronunciado pela primeira vez. Mais diante de tudo isso, as verdades teológicas representadas são as mesmas e congratuladas com o mesmo valor espiritual com que outrora foi acentuada.
   É verdade que são divididas as posições dos teólogos, alguns consideram este texto como mais uma parábola proferida por Jesus, outros como uma explicação de um fato que acontece no mundo invisível atual dos seres demoníacos. Independente de qual desta seja mais bem considerada, uma coisa é certa, ela demonstra de forma clara “a estratégia de Satanás”1 já que essa se refere a uma importante elucidação de como trabalha o diabo com aqueles que são colocados sob seu poder e domínio e como resgata os seus “soldados das trevas” que foram perdidos ou purificados.
  Jesus apresenta o ensino daquele dia com palavras bem conhecidas do povo. Ele é popular e carismático, os seus sermões têm um toque de humor ilustrativo e ao mesmo tempo não corre o risco de perde-se no assunto, já que tem profundo conhecimento do tema abordado. Revela para a multidão que é possível ser uma morada para os anjos maus, a isso chamamos de “possessão demoníaca”.  Mais também deixa claro que estes mesmos seres malditos podem ser expulsos do corpo do homem e como conseqüência, deixando-os livres. Só que esse poder de libertação não é algo que possuímos, mais sim, um milagre de misericórdia divina para com o ser humano caído nas garras do inimigo.
  Cristo ressalta que o demônio não foi destruído, mais expulso. “Isso quer dizer que no momento atual se pode vencer o mal, pode-se rechaçá-lo, expulsá-lo; mas não se pode destruí-lo. O mal sempre está à espreita da oportunidade para contra-atacar e para reconquistar o terreno que perdeu. O mal é uma força que foi afastada, mas não eliminada”2. Como falou Pedro expirado em sua carta:

Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos. 3

 O que separa satanás de nós é o poder de Deus em nossa vida, mais esse poder só esta disponível para aqueles que buscam. Sábias palavras foram as de Matthew Henry no seu comentário quando diz:

Todo coração é a residência de espíritos imundos, salvo os que são templo do Espírito Santo, por fé em Cristo. 4

  Nisto compreendemos que todos nós somos propícios a quedas e ataques do inimigo, mais satanás só ira habitar na casa que o receber como membro da família, como alguém que não incomoda e como uma pessoa conhecida; costumeira. Claro que quando falo de casa me refiro ao coração do individuo. As palavras, ações e pensamentos correspondem com o caráter do inimigo das almas e é por isso que a sua presença não trás nenhuma diferença no ambiente.
  Estas palavras de Jesus são direcionadas especialmente para a nação de Israel da época, mais sem muita diferença para a Israel atual. Cristo ensina o povo, Cristo repreende o seu auditório, e o principal; Cristo chama atenção para o arrependimento necessário daquela gente. Gerhard Hörster mostra de forma clara a missão do Messias em suas palavras quando diz:

O Messias veio para expulsar de Israel o diabo da rejeição a Jesus, assim como, nessa parábola, o Senhor descreve um único endemoninhado do qual foi expulso o espírito imundo. Se o povo de Israel, pela sua incredulidade, rejeitar Jesus, o Messias, o seu fim será pior que o início. A vinda do Senhor não resultará em salvação para o povo de Deus, mas trará a desgraça. O diabo expulso retorna com reforço sete vezes maior. Quanto maior for à oferta da graça, tanto mais terrível será a queda. Que seriedade essa palavra traz também para cada cristão!5

  Jesus tenta esclarecer que o Messias deve ser alguém com quem o povo judeu deveria se relacionar e não somente aceitar uma vez e abandoná-lo logo mais. As palavras de Cristo fazem referencia a expulsão do diabo e depois diz que este esteve buscando outros lugares, mais não teve êxito em suas busca, diante de tal realidade decidiu voltar para onde era bem recebido, quando chegou encontrou o seu antigo lar arrumado, mudado, reformado e com uma nova aparência, mais sem ninguém. O Jesus que havia expulsado a satanás agora não estava mais e o demônio faz a festa com uma infinidade de outros demônios ainda piores que ele. Isso mostra uma coisa, que a aceitação do povo para com a pessoa de Jesus foi algo que teve inicio, mais não teve continuação. Perceberam ser Jesus um rei que determinaria o fim dos seus problemas, mais logo que a novidade passou abandonaram Aquele que seria o Mordomo do lar do coração. Extraíram a proteção do seu íntimo e das suas vidas por completo.  Complementando, vejamos as palavras de Moody em seu comentário:

Israel (nacional e individualmente) foi moralmente purificada pelos ministérios de João e Jesus. Desde o Exílio, as perversidades da idolatria declarada foram removidas. Mesmo assim, em alguns casos, a reforma que tinha a intenção de ser preparatória interrompeu-se. A casa de Israel estava “vazia”. Cristo não foi convidado a ocupá-la. Por isso esta geração perversa alcançará um estado ainda pior. Alguns anos mais tarde esses mesmos judeus enfrentaram os horrores de 66-70 A.D. No tempo do fim, os membros dessa raça (genea) serão especialmente vitimados por demônios (Ap. 9:1-11). 6
 
  Diante de tudo que vimos até agora, percebemos que a intuito de Jesus era leva a uma consciência de necessidade do povo para com Deus.  Havia uma decadência espiritual considerável na vida e obra daqueles habitantes, professos seguidores de Yahweh. O “Deus dos Céus” desceu do seu trono no mais alto posto e se colocou entre os homens. O Seu objetivo era ensina-lhes nobres verdades salvificas para as suas vidas de ovelhas errantes, que “embora purificados da idolatria durante o cativeiro babilônico, mostraram uma incredulidade e dureza de coração que produziram um pior estado moral do que aquele que antes possuíam, quando eram idólatras, antes do cativeiro” 7. “Era uma geração má e adultera incapaz de qualquer apreciação espiritual” 8. Por isso a advertência de Cristo é tão direta.

Segunda Parte: Uma Geração Perversa
  Jesus deixa claro qual a verdadeira essência de sua missão diante do povo. Era necessário que o diabo fosse expulso. Este abandono das praticas satânicas deveria ser algo que caracterizaria o povo de Deus. A convivência com o Onipotente era uma necessidade de cada sacerdote de famílias ali representado. Israel havia abandonado o Seu Criador e Mantenedor. Deus por muitas vezes dotou a nação com vários milagres e curas, se importou com eles mesmo que estes não estivessem preocupados com o Seu Deus. O Senhor nunca desistiu de Israel.
  Por trás das duras palavras de Jesus de alerta (“... Assim acontecerá a esta geração perversa” v.45b) existe um convite ao arrependimento. O Amado Mestre depois de repreender e exortar o povo, sempre disponibilizava o arrependimento divino a alma cansada e fadigada pelos ataques e quedas ante ao pecado. Jesus os chama para uma vida de intimidade com o Rei do Universo. A isso comenta R. V. G. Tasker quando diz:

Pode-se considerar o arrependimento como uma espécie de exorcismo, pois envolve a expulsão do demônio do egocentrismo. Mas se a conversão a Deus do ego pecaminoso, que constitui o arrependimento, há de ser alguma coisa mais do que um fenômeno temporário, o homem “exorcizado” tem de ser “possesso”, de uma vez por todas, de um novo espírito; doutra forma o demônio voltará reforçado a ocupar o seu antigo lar. É preciso que o Espírito de Deus tome posse do penitente, se este há de crescer em santidade. 9

    Existiam dois tipos de endemoninhados em Israel no tempo em que Jesus começou seu ministério terrestre. O primeiro são aqueles que constantemente eram atormentados pelas forças das trevas. A esse Cristo viu um clamor interior por socorro. Uma mão estendida de fé por libertação, a qual resultou em cura. Mais o outro tipo de possessão demoníaca era dos próprios lideres da nação com as suas afrontas diretas a Deus, seu falso ensino, sua modéstia corrompida e seu inútil legalismo. Junto com o povo que diante de Pilatos na condenação de Jesus, gritaram “Crucifique-o!”. A estes, Jesus se pôs de mãos atadas, sem poder fazer o milagre e expulsar as potestades do mal.
  Por isso, é necessário que quando satanás for expulso do coração do homem, outro ser deve ali habitar, e este ser é Deus. “Muitos dos que se tinham se arrependido como resultado da pregação de João, como também muito que tinham respondido à chamada feita por Jesus ao arrependimento, depressa caíram, pois não produziram ‘frutos dignos do arrependimento”10. A nossa maior tentação é aceitar Jesus pela emoção e não fazer com Ele uma aliança de fidelidade. Jesus chama o povo para uma reafirmação do antigo pacto divino. Era necessário que o povo volta-se para o Eterno e clamasse por misericórdia, e certamente Ele concederia. Para isso um novo e verdadeiro arrependimento era-lhes cobrado e automaticamente um abandono dos pecados como um verdadeiro resultado. Como muito bem explicado por Charles Finney em sua Teologia Sistemática, quando diz:

O arrependimento implica uma abominação e aversão aos pecados dos outros, um sentimento mais profundo e completo de oposição a todo o pecado — ao meu pecado e ao de todas as outras pessoas. O pecado se torna para a alma penitente a coisa abominável que odeia. Implica uma indignação santa a todo o pecado e a todos os pecadores e uma manifesta oposição a toda forma de iniqüidade. 11

E diz ainda mais:

O arrependimento implica em transformação da vida exterior. Isto se segue à transformação do coração por uma lei da necessidade. É naturalmente impossível que uma alma penitente, permanecendo penitente, se entregue a qualquer pecado conhecido. Se o coração foi transformado, a vida deve ser como o coração é. 12

  É necessário que aqueles que venham a Jesus mostrem frutos visíveis de arrependimento. A ação do Espírito Santo não é somente no coração, mais o externo exterioriza na vida da pessoa que esta nas mãos de Jesus. Em suas obras, palavras e gestos são demonstrados de forma palpável a obra que o Senhor realizou e continua realizando. “Um evangelista do século passado, Sam Jones, definiu o arrependimento como ‘entristecer-se o bastante para abandonar o pecado’”13. O que nos motiva para abandonar o pecado é o amor de Deus por nós, mais o que nos faz abandonar o pecador é o poder divino disponível em nossas vidas. Foi Samuel Taylor Coleridge que disse que: “O principal mérito do evangelho não é oferecer perdão ao que se arrepende, mas prometer arrependimento aos que pecam”14. É necessário compreendermos que o arrependimento, embora for algo necessário na vida do pecador convertido, não é algo produzido por ele. Isso é uma ação de misericórdia mais uma vez de Deus para com o homem. Disse Carl S. Lewis que:

O arrependimento não é algo que Deus requer de ti para receber-te e que te poderia evitar se o desejasse, é simplesmente a descrição do regresso. 15

E a autora Ellen G. White confirma em suas palavras:

O arrependimento do homem implica uma mudança de intuitos. O arrependimento de Deus implica uma mudança de circunstâncias e relações. 16

  Por isso, semelhante ao conselho recebido por Nicodemos, “É necessário nascer de novo”17, a nossa maior necessidade hoje também é nascer de novo.

Terceira parte: Um Convite Para Mudar
  Esta é uma história triste e terrível. Havia um homem que do qual foi expulso um demônio. A sua vida mudou, os seus hábitos, suas roupas, suas palavra e todas outras coisas que cerca na sua existência profissional ou/e cotidiana também mudaram. O Espírito Santo foi recebido com alegria e banido foi o diabo daquela vida. As forças do mal saíram daquele ser humano, mais o que deu de errado? Quando o Espírito de Deus nos transforma, existe uma mudança de idéias. Mais isso não termina ali. Deus não quer somente ser recebido, mais quer morada permanente. A ação de conversão do individuo é somente o inicio da vida cristã. O amadurecimento continua. Chamamos isso de “santificação”. Se isso não acontece os espíritos imundos voltam, concentrados com outros demônios ainda piores e mais poderosos. Como diz William Barclay:

É uma verdade fundamental que a alma de um homem não pode ficar vazia. Não é suficiente combater os maus pensamentos, maus hábitos e velhos costumes e deixar a alma limpa, mas vazia. A alma vazia está em perigo. 18

 Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem”, escreveu Paulo aos Efésios em sua carta e continua “mas deixem-se encher pelo Espírito”19. Adam C. Welch gostava de começar os seus sermões com a expressão: “É preciso encher o homem com algo” 19. Não é suficiente expulsar o mal, é necessário habitar o bem. Somente assim é que satanás pode ter o seu poder limitado na vida daquela alma persistente. Entendemos isso com a explanação de fácil compreensão que encontramos no comentário de Gerhard Hörster, quando este diz:

  Satanás é um espírito fortemente armado, que não solta facilmente o que lhe pertence. No entanto, foi obrigado a ceder diante do Senhor, o mais forte. Nessa luta, toda a sua armadura não lhe serve para nada. Quando Jesus, portanto, expulsa Satanás, isso somente pode ser fruto de um poder mais forte.
  No entanto, quem não consegue assumir uma posição ao lado de Jesus apesar das poderosas vitórias deste sobre o reino de Satanás, não é membro do reino de Deus.
  Não há um reino intermediário entre o reino de Satanás e o reino de Deus. Quem não ajuda a construir o reino de Deus e não sai a campo contra Satanás, impede a consumação do reino de Deus. Jesus explicita esse pensamento ilustrando-o com o exemplo da colheita. Quem não reúne pessoas no local destinado à congregação, este as dispersa, de modo que não cheguem como membros do reino de Deus, à unidade desejada por ele. 21

  Dessa forma o que temos a fazer é nos entregarmos a Deus e confiar que nEle a cada instante. Saber que a dependência continua que temos em resposta a proteção de Deus é algo necessário para vencer o Inimigo. Nós não temos capacidades suficientes para destruí-lo (falo de Satanás), mais Deus tem, e este poder é nos oferecido a nós hoje, mesmo em nossa trágica realidade, podemos contar com a guarda de Deus e Sua Poderosa destra fiel. “Arrependimento significa sair da estrada errada da vida, e passar para a certa com Jesus. Significa afastar-se do pecado e voltar-se para Deus”22.
  É importante ressaltar que o chamado para o arrependimento que Cristo faz para seus ouvintes é imediato, da mesma forma que para nós o convite de Jesus é agora. Existe um convite para mudar e este convite é nos entregue hoje. Concordo com Billy Sunday que disse que esse arrependimento na hora da morte é como queimar a vela da vida a serviço do demônio e, depois, soprar a fumaça no rosto de Deus!23 O chamado de Cristo se faz presente hoje também para nós, como disse Moody em seu comentário com as palavras:

O vácuo deixado pelo afastamento do mal tem de ser preenchido com o que é bom, ou o mal não se torne pior.24
 
  Existem muitos exemplos bíblicos de pessoas que tiveram a suas vidas mudadas de forma impressionante. Gosto da história do endemoninhado geraseno (S. Marcos 5:1-14) porque mostra como o poder e autoridade de Cristo faz com que uma pessoa que estava arrasada pelo domínio do inferno, foi resgatada para a maravilhosa luz.  Poderíamos fazer vários estudos, comentário e exegese sobre aquela situação deprimente daquele desconhecido, mais, com certeza, o que nunca poderemos ignorar é o fato que aquele homem foi liberto pelo amor e misericórdia salvifica que tem a pessoa de Jesus. Não muito diferente estava o mestre em teologia Nicodemos que após um magnífico encontro o Rei do Universo foi lhes declarado a maior necessidade para o homem pecador, a entrega para este Poder que transforma. Tudo isso foi escrito e mantido em proteção para que hoje nós venhamos conhecer o que Deus está disposto a fazer conosco por meio da Sua maior dádiva para a humanidade; Jesus.
  O mais triste é que mesmo em meio a tamanho amor, nós o negamos e não aceitamos. Como nos escritos de Matthew Henry, quando diz ao comentar do ex-endemoninhado geraseno:

O homem proclamou com júbilo as grandes coisas que Jesus havia feito por ele. Todos os homens se maravilharam, porém poucos o seguiram. Muitos que não possuem outra reação senão maravilhar-se por causa das obras do Senhor Jesus Cristo, não se apegam a Ele como deveriam.25
   
  De nada difere do mundo que vivemos na atualidade. Os homens ouvem o evangelho, aceitam com intensa expectativa, mais logo abandona esta nova fé e se torna ainda pior do que era antes. O chamado de Cristo não é só para um momento, mais para toda a vida.

Conclusão
  Essa pesquisa de essência teológica procurou explorar algumas características que Jesus objetivou em suas palavras. Conforme foi exposto no conteúdo decorrente, as palavras de Cristo tinham caráter emergente e necessitava de um posicionamento por parte dos ouvintes que o assistia. Mais, não somente para aqueles limites de tempo e geografia, mais para nós hoje com todas as suas exclusividades e essência geral.
  Ao desligar-se de Deus o homem se colocar em posição favorável aos ataques de Satanás e este incide violentamente. Isso é o resultado de se afastar da força e proteção divina. O coração, como foi mostrado, é uma espécie de “lar”, onde um Ser e/ou sentimento podem ser acalentados. Deus ou Satanás vai ali morar. Ao rejeitar um, automaticamente aceita o outro, é simples assim.
  Mostramos também que a entrega a Deus deve ser uma ação diária e continua, pois o espaço vazio é simbolismo de grande perigo. Jesus com as suas inéditas palavras mostra como o diabo trabalha e como ele ira nos assaltar caso não tenhamos um rumo certo, ou mesmo um “Senhor” definido. A maior problemática que ocorreu foi o fato da má compreensão por partes das autoridades da lei no contexto bíblico e a resistência aos reclamos que a Trindade faz por boca do “Deus Homem”. Igualmente agimos quando o assunto é entrega. Fugirmos, nos distanciamos e não queremos nada serio, mais o convite de Jesus ainda esta ativo para o Seu povo, basta este entender a profundidade da sua alocução e se entregar sem reagir ou distanciar-se do mesmo.  

Bibliografia

1.      Bíblia Sagrada, Almeida Revista e Traduzida.
2.      BARCLAY, William. —Comentário do Novo Testamento (livro eletrônico).
3.      1Pedro 5:8 (Nova Versão Internacional).
4.       Comentário Bíblico de Matthew Henry, 47.
5.       Introdução e Síntese do Novo Testamento, Gerhard Hörster.
6.      Comentário Bíblico de Moody, 59 e 60.
7.      Novo Comentário da Bíblia, Intervarsity press (leicester, inglaterra), 52.
8.      Comentário Bíblico F. B. Meyer. Editora Betânia.
9.      R. V. G. Tasker, Mateus: Introdução e Comentário, 105.
10.  IBID
11.  Teologia Sistemática de Charles Finney, 560.
12.  IBID, 561.
13.  Meditações Matinais – 1961 p.325.
14.  Davis, Thomas A.—Meditações Matinais – 1967 p.248.
15.  Carl S. Lewis
16.  White, Ellen G.—Patriarca e Profetas, p.630.
17.  S. João 3:3
18.  BARCLAY, William. —Comentário do Novo Testamento (livro eletrônico), p. 130.
19.  Efésios 5:18 Nova Versão Internacional.
20.  BARCLAY, William. —Comentário do Novo Testamento (livro eletrônico), p. 131.
21.  Introdução e Síntese do Novo Testamento, Gerhard Hörster.
22.  MacDonald, Hope.—A Alegria de Obedecer, p.16.
23.  Hinson, William H.—Como Viver Certo Num Mundo Torto, p.64.
24.  Comentário Bíblico de Moody, 55.
25.  Comentário Bíblico de Matthew Henry, 12.

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